sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Transtorno

Fantoches disparam borracha,
barulho, temor. Há muito a ser temido.
Sangue pobre derramado por armas
controladas por pobres
a serviço de nobres
em nome da lei, de esnobes.
Gravatas listradas escalam suas tropas:
cavalos, escudos, fogo.
Dão salve às damas do tabuleiro, e
às que chamam de vagabundas,
visão embaçada, asfalto vermelho.
O fim da guia pra guria é bueiro.
Gritos de ordem enquanto passa a explosão,
correria, quebra da praça e de osso, perda de visão.
A chance perdida de assistir nessa vida
o erguer de um irmão.

Deixadas na carta as emocionadas:
Caso volte, será tarde.
Caso sangre, curativo.
Caso esqueça, incentivo.
Pai, por seus braços.
Mãe, eles ainda não aceitam que a senhora é gente.
Gente de casa, volto contente.
Caso não, terá sido por vocês.
E assim, sim, começa o mês.

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