segunda-feira, 11 de abril de 2016

Raízes

Seis anos sob
a sombra das antigas palmeiras
e sobre a terra que
sem sombra de dúvidas
é dona de mim.
Seis anos foram suficientes para
que eu fizesse com um espaço
um dos meus mais fortes laços.

Difícil falar de tempo
onde ele é tão veloz
e salta junto com a rua
que cruza meu coração
na descida em silêncio
na volta em canção.
O tique-taque troquei por ruídos
e o relógio pelo céu que
cuidadosamente trata dos meus sentidos.

Sou do ponto
da praça e da venda
da criançada e do meio de rua
e da calçada
e do olhar das carinhas fechadas.
Sou daqui e só sou aqui
apaixonado por onde vivo
e vivendo de paixão pelo 
lugar que vive em mim.

De tanto ver de perto
esse lado de Ribeirão
acabei por me tornar mais uma
palmeira com longas raízes carentes
no melhor que há de chão.

Meu verde, meu ar
só falta ter mar
mas já é querer demais
de um lugar tão cheio de paz.
Mesmo sem mar, mergulho
no asfalto de cada rua
e no mais lindo barulho
de gente que sabe viver e vive bem
sem querer saber de luxo e
sem morder o de outro alguém.
Ofereço uns trocados pra quem
apontar lugar melhor
em absorver de seu povo
toda lágrima e suor.
Por aqui sigo na minha
pra falar dessa jornada
de dois lugares do mundo
que chamo de minha morada:
os braços da minha pretinha
e as ruas da minha quebrada.

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